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Sartre e o Existencialismo

 

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Prof M. ALEXANDRE LOBO

Existencialismo e essencialismo

Essencialismo, semelhante ao idealismo, é uma linha filosófica que entende que todas as coisas possuem uma essência, um “ser” que as defina enquanto tais. Um livro, por exemplo, teria a essência de possuir letras impressas em papeis, e, ao contrário de uma revista, não é periódico. A essência de algo é aquilo que a caracteriza, que a difere dos outros objetos. A essência não necessita da presença, ou seja, para que tenhamos na mente a essência de uma bola, não necessitamos tê-la a nossa frente.

Durante muito tempo, buscou-se a essência do ser humano. Os filósofos do iluminismo são exemplo disto. Hobbes, em sua afirmação “o homem é o lobo do homem” colocava uma essência maligna no homem. Jean-Jaques Rousseau, ao contrário, acreditava que era a sociedade que corrompia a essência boa do ser humano.

Jean Paul Sartre, filósofo francês do século XX, foi o primeiro a assumir uma postura contrária ao essencialismo e defender o existencialismo. Para Sartre, o homem não tem essência, nada pode defini-lo, pois ele é livre. Os objetos, sim, podem ter essência, uma cadeira, uma porta ou uma folha de papel, pois são imóveis, e não precisamos vê-las para saber que existem. Mas o homem, o que pode defini-lo? O corpo? Seria muito pouco para um ser tão complicado. Sem essência, o homem tem apenas a existência, um estar aí. Sendo livre, o homem torna-se responsável pelos seus atos, pois não pode desculpar-se dizendo que não tinha como evitar devido a sua natureza.

Uma das conseqüências do existencialismo é contestar o determinismo. Determinismo é uma forma de ver o mundo acreditando que tudo que existe já tem um destino determinado. O determinismo pode ser de diversos tipos, religioso, científico ou mesmo fatalismo. No determinismo religioso, o destino de uma pessoa já está determinado pela vontade de deuses ou outras entidades sobrenaturais. Já o determinismo científico substitui deuses por fatores ou naturais ou sociais. No final do século XIX e início do século XX, alguns pesquisadores explicavam o atraso de algumas sociedades por questões climáticas. A África, por exemplo, não teria se desenvolvido em função do clima quente que deixaria as pessoas indispostas para o trabalho. Mesmo o Brasil, por ser um país tropical não escaparia da regra. Gilberto Freire, autor de Casa-grande e senzala, explicaria o atraso do Brasil pelo clima quente (o Brasil se forma pelo nordeste). O fatalismo é aquela visão de futuro determinada ou por fenômenos sobre-naturais ou por fenômenos da natureza. A astrologia é um exemplo de fatalismo, pois as pessoas são determinadas pela posição dos astros, da lua e do sol. Tanto o futuro como as características psicológicas ficam determinadas, sendo estas mais fortes que a vontade individual.

Para o existencialismo de Sartre, os determinismos funcionam mais como desculpas do ser humano para o que ele julga erro. No existencialismo, não há nada determinando a ação do homem, nem mesmo uma verdade sobre o que é bem ou mal, sendo o indivíduo o responsável por estabelecer o que é bem ou mau. Quando as pessoas percebem que não há nada de seguro (um destino já determinado) no seu futuro, que nada está escrito nas estrelas, sentem uma sensação de angústia ao se darem conta do NADA. Nada é a ausência de algo.

Interprete duas das seguintes frases de Sartre:

O inferno são os outros”. “O homem é uma paixão inútil.

O homem está condenado à liberdade.”

Pós-modernidade