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E para onde vai a escola

 

E pra onde vai a escola?

Prof. Me. Alexandre Lobo

Houve um tempo em que a Escola era vista como um instrumento ideológico nas mãos da classe dominante. Para a esquerda, o papel do educador consistia em salvar as massas, esclarecê-las sobre a urgência de transformação social. Mas, nestes anos, contata-se que os projetos de educação revolucionária se mostraram uma pretensão. Muito mais que a escola, é a televisão que fornece formação aos cidadãos. É ela que está mais próxima do cotidiano da população. É dela o vocabulário, os hábitos e referencias de ação de nossos jovens.

Além da má conservação dos prédios da escola, quanto mais ela é afastada do centro da cidade, mais seu pessoal é desqualificado. Professores sem formação na disciplina que regem dão aulas até mesmo no Ensino Médio. Cria-se uma cultura de prática de ensino. Professores dão aulas em três turnos. É uma questão de necessidade, mas também uma questão de valorização. O professor que se subordina, como se fosse a coisa mais natural do mundo, a trabalhar mais que 40 horas por semana, tanto por tão pouco, porque deveria ganhar mais? Parece fácil dar aula, se não o fosse, como prepará-la estando três turnos em sala de aula? Ano após ano, os esquemas já estão prontos, basta copiá-los no quadro. Decorada, a matéria fica morta, não evolui. Se um professor não aprende nada de novo, porque não lê, não vai ao cinema e nem ao teatro, como quer que o aluno aprenda? Na aula, o que ocorre é a degustação de um cadáver – o saber morto.

Os pais não sabem como manter ocupado o tempo dos filhos e os colocam na escola. Turmas cheias, enormes, fazem da escola um depósito de crianças. De certa forma, a escola se assemelha a uma fábrica, os conteúdos têm que serem dados, os alunos tem que passar de ano. O conteúdo padronizado têm que ser dado a um número determinado de alunos.

Em termos de ensino-aprendizado, há uma verdadeira inversão de valores. Para a direção da escola, bom professor é aquele que consegue o bom comportamento dos alunos. Os alunos, por outro lado, estão preocupados com a nota, quanto vale determinada atividade. O que menos interessa é o conhecimento, o aprender algo novo. O espaço de transmissão e produção do saber foi pro espaço. Há mais crianças na escola do que há vinte anos, porém, há mais adolescentes no Ensino Médio grau com dificuldades de interpretação de texto.

Não podemos esquecer que a escola é ao mesmo tempo, reflexo e parte de estrutura social. Pode-se até pensar em mudar a sociedade iniciando pela educação, mas não vai funcionar nada se a mudança não buscar novas culturas que valorizem de fato o saber, que rompam com velhas práticas comodistas dos professores, que façam os pais e os meios de comunicação se sentirem responsáveis pelo aprendizado dos alunos e parte de uma comunidade escolar. E não vai adiantar uma reforma, é preciso demolir a escola que existe para se criar uma outra.