platão 

Platão 

 

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PROF. Me. Alexandre Lobo.

Platão.

Entre os idealistas da antigüidade clássica, os mais importantes foram Sócrates, Platão e Aristóteles. Sócrates nada escreveu, o que sabemos dele veio até nós pelos seus discípulos. Mas seu principal intérprete foi Platão. Platão nasceu provavelmente em Atenas, perto do ano 427 a.C. e teria vivido até 348 ou 347 a.C., um pouco antes da tomada da Grécia pelos macedônicos. Na verdade, seu nome era Arístocles, Platão era apelido por ter ombros largos.

A principal influência em termos de filosofia idealista em Platão e Sócrates foi Parmênides. Enquanto outros pré-socráticos buscavam a origem de tudo nos quatro elementos: fogo, terra, água e ar, Parmênides pensava que a origem de tudo era o ser. Bem, é impossível pensar em algo que não tenha um ser, tudo é alguma coisa. Assim, se tudo tem um ser, para o filósofo pré-socrático, o ser deveria ser a origem de tudo.

Heráclito diria que não é o ser a origem de tudo, pois o ser das coisas está sempre se transformando em outro ser, seguindo a linha do eterno movimento de tudo. Platão, por sua vez, argumentaria que o movimento a que se refere Heráclito corresponde apenas as aparências do ser. Há uma distinção entre essência e aparência. A aparência não corresponde ao que as coisas são na verdade e é sempre mutável, já a essência corresponde ao que as coisas são de forma imutável.

Platão acreditava existir um mundo das idéias criado por algum deus, um mundo espiritual em que tudo existiria de forma perfeita e absoluta. O mundo sensível, aquele que percebemos pelos cinco sentidos, seria apenas uma aparência, um reflexo do mundo das idéias. Na busca de um ser perfeito, que representasse melhor sua idéia, ele inspirou-se na matemática. Os números, por exemplo, possuem um ser mas não possuem existência concreta, estariam no mundo do pensamento. A matemática, lugar de idéias perfeitas sem existência material, representaria para ele a comprovação de seu idealismo. Tudo, antes de ter uma existência concreta, já existiria no plano das idéias. Os seres-humanos em Platão nasceriam com as idéias já estabelecidas e se recordariam delas ao longo da vida. Aprender é recordar, diria-nos Platão sobre o processo do conhecimento, pois antes de existirmos de forma corpórea, teríamos existido no plano das idéias onde teríamos contato com idéias perfeitas. 

Uma das críticas que Platão faz aos materialistas encontra-se no conhecido Mito da Caverna, do Livro “A República”, texto que veremos a seguir:

"O Mito da Caverna"

"Suponhamos uns homens numa habitação subterrânea em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz, que se estende a todo o comprimento dessa gruta. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões; serve-lhes de iluminação um fogo que se queima ao longe, numa eminência, por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros há um caminho ascendente, ao longo do qual se construiu um pequeno muro, no gênero dos tapumes que os exibidores de fantoches colocam diante do público, para mostrarem as suas habilidades por cima deles.

Estou a ver – disse ele.

Visiona também ao longo deste muro, homens que transportam toda a espécie de objetos, que o ultrapassam: estatuetas de homens e de animais, de pedra e de madeira, de toda a espécie de lavor; como é natural, dos que os transportam, uns falam, outros seguem calados.

Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas – observou ele.

Semelhantes a nós – continuei –. Em primeiro lugar, pensas que, nestas condições, eles tenham visto, de si mesmo e dos outros, algo mais que as sombras projetadas pelo fogo na parede oposta da caverna?

Como não – respondeu ele –, se são forçados a manter a cabeça imóvel toda a vida?

E os objetos transportados? Não se passa o mesmo com eles?

Sem dúvida.

Então, se eles fossem capazes de conversar uns com os outros, não te parece que eles julgariam estar a nomear objetos reais, quando designavam o que viam?

É forçoso.

E se a prisão tivesse também um eco na parede do fundo? Quando algum dos transeuntes falasse, não te parece que eles não julgariam outra coisa, senão que era a voz da sombra que passava?

Por Zeus, que sim!

De qualquer modo – afirmei – pessoas nessas condições não pensavam que a realidade fosse senão a sombra dos objetos."

(...)

Platão. A República. Portugal: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983, pág. 317.

    Para Platão, conhecimento vindo dos sentidos seria correspondente a  uma ilusão porque apreenderia apenas o que é dado a percepção, ou seja, as coisas concretas que  corresponderia apenas ao momento do ser,  ou seja , a uma perfeição. Neste sentido, perfeito seria apenas o que não muda. E o que não muda, em Platão, é o ser que teria existência apenas no plano das idéias.

      O conhecimento, nos moldes platônico, se dividiram em dois grupos: a doxa e a episteme. O primeiro tipo corresponderia ao conhecimento dos homens da caverna, um conhecimento relativo a opinião comum, não elaborada racionalmente. Já a doxa, conhecimento racional, sim teria condições de atingir a idéia das coisas e resultar em um conhecimento verdadeiro a respeito do ser. O ser que saiu da caverna, do mundo de pessoas comuns que apreendem o que as coisas parecem ser e não são, é o ser que atingiu  a doxa, conhecimento sobre o que as coisas são de fato.

Questões: 1- Explique por que o pensamento de Parmênides contrasta com o de Heráclito. 2- Qual a resposta de Platão à Heráclito em relação ao problema do movimento? 3 -Para Platão, a mente de uma criança rec&eaccute;m nascida está vazia? Explique. 4 - Se um dos habitantes da caverna pudesse sair e ver a luz do mundo de fora, teria conhecimento apenas das aparências? Explique. 5 Por que o conhecimento formado de dentro da caverna não corresponde a realidade das coisas?