A mídia e o quarto poder

Prof. Dr. Alexandre Lobo

Os meios de comunicação e o quarto poder

A mída – meios de comunicações - é considerada hoje pelos analistas políticos como o quarto poder, fazendo frente ao Legislativo, Executivo e Judiciário em termos de influência política. Cada vez mais, por exemplo, políticos se preocupam com sua imagem divulgada nos meios de comunicação, principalmente a televisão.

No Brasil, no início do século XX os jornais eram todos partidários, todos manifestavam em seus editoriais suas preferências por este ou aquele candidato. Os jornais até mesmo pertenciam a partidos políticos. Essa característica do jornalismo dura até o final dos anos 60 quando inicia-se no Brasil a chamada indústria cultural. O que importa para a indústria cultural, assim como para qualquer outra indústria capitalista, é a venda e a rentabilidade de seu produto em detrimento ao conteúdo. Essa mudança acompanha a passagem da sociedade rural de economia agrícola a uma sociedade urbana e industrial. As empresas que não se adaptam vão fechando, até mesmo grandes impérios como a rede de televisão Excelcior.

Na época da ditadura, sobreviviam as empresas mais “neutras” em termo político. Nestes anos de passos iniciais da televisão brasileira, a abrangência da audiência era restrita a região sudeste e as classes mais favorecidas. Isso porque o preço dos aparelhos de televisão eram demasiadamente caros. Para as classes médias, era comum famílias e vizinhos se reunirem para assistirem as telenovelas e os primitivos comerciais. Como não havia audiência suficiente, o preço dos espaços comerciais também eram caros, fazendo com que o principal anunciante fosse o Estado. Até então, o principal veículo de comunicação era o radio, pois a influência do jornal era limitada pelo elevado percentual de analfabetismo, que chegava a metade da população brasileira nos anos 50.

Quanto mais a programação de uma emissora de televisão ou um jornal agradasse os militares, mais propaganda estatal divulgando os feitos do governo. Para os que ousavam tentar mostrar o que estava acontecendo no país, denunciando a tortura e a maquiagem do crescimento econômico, havia também o problema da censura. Edições inteiras eram recolhidas, e, se isso acontecesse sucessivamente, menos anunciantes. Desta forma muitas empresas jornalísticas tiveram suas portas fechadas. Algumas empresas, para escaparem da censura substituíam as notícias que seriam de primeira página por receitas de doces e bolos, querendo mostrar que algo estava errado no país.

A rede Globo é um exemplo de uma empresa que sobreviveu e cresceu graças a ditadura militar, pois, de caráter já capitalista, tinha uma programação que agradava os militares, atraindo propagandas e escapando da censura.

Já nos anos 80 a mídia amplia sua influência política, pois os aparelhos de televisão ganharam popularidade. Hoje, é raro um lar que não tenha uma televisão. É conhecida a montagem do debate do segundo turno para a eleição presidencial em 99 feita pelo Jornal Nacional. Neste jornal, apareciam os melhores momentos do debate do candidato Fernando Color, dono da rede transmissora da rede Globo em Alagoas, e os piores momentos de Luis Inácio Lula da Silva. Se não foi este debate que garantiu a Color a vitória, certamente ele teve grande influência sobre o eleitorado. Até a queda da candidatura de Roseana Sarney, nestas ultimas eleições presidenciais, personagens da novela “O Clone” visitavam o maravilhoso estado do Maranhão.

Passados os anos de censura, questiona-se hoje o papel da imprensa e sua liberdade. Mas, no meio disto, discute-se, ou deveria ser discutido, a questão da respectiva responsabilidade, pois alguns jornais confundem especulação – o “achismo” como verdade – com liberdade de expressão. Num país com enormes dificuldades educacionais, cuja divulgação da cultura, de formas de pensar e sentir tem sido cargo da televisão que ensina a garotas de oito anos ou menos a dançarem na boquinha da garrafa, por exemplo, o que passa na televisão pode ser recebido como certo, e , é desta forma que a mídia exerce seu poder, poder de estabelecer verdades, de influenciar comportamentos, de dizer o que é certo e o que é errado, de esconder fatos ao seu próprio interesse.