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Revolução Industrial

WEBHUMANAS

Prof. Me Alexandre Lobo

Revolução Agrícola e Revolução Indústrial

Falar de revolução significa falar de uma mudança radial. Assim, a Revolução Indústrial significou uma transformação radical na sociedade em vários aspectos. No econômico, temos a passagem de uma produção voltada para o consumo doméstico, com pouco comércio, para uma produção voltada para o mercado. No aspecto político e social, de uma sociedade rural dividida por estamentos e dominada por uma nobreza a uma sociedade urbana, classista e dominada pela burguesia. A mudança cultural ocorreu na passagem de uma mentalidade baseada em valores religiosos para uma mentalidade mais individualista baseada no lucro.

A Revolução Industrial não aconteceu de um dia para o outro, num piscar de olhos, foi um processo longo que teve na Inglaterra o seu cenário principal. É nesse país que ocorre a Revolução Agrícola. Antecessora da Revolução Industrial, ela consistiu em mudanças básicas no meio rural, iniciada nos cercamentos das terras comunais no século XV. As terras comunais eram destinadas ao uso comum de muitos camponeses na era medieval. O cercamento tornou-as de único proprietário. Camponeses sem vínculos feudais, e expulsos destas transformaram-se em trabalhadores assalariados tanto nas cidades quanto nos campos. Muitos comerciantes enriquecidos alugavam terras dos senhores feudais ou adquiriam estas terras comunais comprando-as da coroa inglesa e empregavam esta nova mão-de-obra assalariada. Assim, a revolução agrícola significou tanto o fornecimento de mão-de-obra para a indústria como transformações sociais no campo, ou seja, antes predominava a relação de servidão, o servo deveria entregar ao seu senhor uma parte de sua produção ou trabalhar durante um certo tempo nas terras de seu senhor em troca do direito de uso de um pedaço de terra para sua sobrevivência. Agora, o assalariado alugaria a sua força de trabalho em troca de uma renda em dinheiro.

O desenvolvimento do comércio estimulou o desenvolvimento da produção de artigos de consumo geral. O artesão, que inicialmente produz determinado produto para o consumo próprio, com o comércio, é estimulado a produzir para a venda. Assim, surgem as corporações de ofício. Nela, temos um mestre, que comanda a corporação; os oficiais, auxiliares dos mestres que um dia podem se tornar oficiais, e os aprendizes, jovens que trocam trabalho por moradia e alimentação.

Com a invenção da máquina a vapor, em 1769, por James Watt, e a máquina de tear, em 1770, por Hargraves, inicia-se a Revolução Industrial propriamente dita. Surge a fábrica, que, ao contrário, da corporação, emprega somente trabalho contratado assalariado e faz uso de máquinas. Essas fase, artesanato, corporações e fábrica, não foram momentos sucessivos desencadeados linearmente, chegaram mesmo a coexistirem e esta coexistência não se deu de forma pacífica. Muitos artesões ou mesmo mestres chegaram a destruir algumas fábricas. Houve, na Inglaterra do final do século XVII um movimento conhecido como ludismo em que operários destruíam as máquinas de seus patrões.

As novas tecnologias do século XVIII provocariam outras mudanças. A indústria de algodão se impôs ao consumidor inglês e estimulou o desenvolvimento dos meios de transporte. Surgem as estradas de ferro para as locomotivas levarem os produtos das fábricas mais perto de seus consumidores. No campo, máquinas são empregadas nas lavoura, dispensando camponeses que vão se transformar em mão-de-obra barata nas cidades.

Após 1870, novas tecnologias aparecem como o uso do aço, eletricidade, petróleo e petroquímica. As cidades crescem. A medicina de desenvolve e com ela, noções de higiene contribuem para a diminuição da taxa de mortalidade e o aumento populacional.

Uma fábrica não era um investimento barato, embora mais produtiva que a corporação, necessita de grande quantidade de capital. Na Inglaterra, estes capitais surgiram não somente dos arrendatários enriquecidos mas também das colônias e do comércio de escravos. Já no século XVII o governo inglês criaria os Atos de Navegação que dariam a Inglaterra a supremacia naval na Europa e o domínio do comércio. A partir do século XIX a Revolução Indústrial se expande para todo o continente europeu ocorrendo em países como a França, Alemanha e Rússia.

Mas é preciso lembrar não foi uma escada para o céu. Ela criou duas classes básicas, o proletariado e a burguesia indústrial. A primeira, explorada, colocando suas crianças para trabalhar, não desfrutou das melhorias de padrão de vida proporcionado pela indústria. A segunda, privilegiada, em nome de uma propriedade privada e inviolável, enriquecia e acumulava bens as custas do trabalho de seus assalariados. Inicialmente, a jornada de trabalho era de, em média, 16 horas diárias. Mas através de constantes mobilizações e lutas, a jornada de trabalho foi gradualmente reduzida. O trabalho excessivo erepetitivo das fábricas e as péssimas condições de moradia e higiene envelhecia precocemente a vida do trabalhador ou mesmo a abreviava.

glossário:

arrendatário- sujeito que aluga um pedaço de terra por um tempo e por um preço fixo. Pode ter empregados assalariados.

burgueisa- inicialmente designava o habitante do burgo – cidade comercial da época do renascimento comercial. Atualmente indica aquele que é proprietário de algo com fins lucrativos, ou seja, um capitalista.

capital – bem empregado para aumento de bens.

classe – posição que o sujeito ocupa na produção, basicamente ou se é proprietário dos meios de produção, ou se é proprietário da força produtiva.

estamento – posição social baseada no nascimento. Nascer em determinada família pertencente a determinado estamento pode ou não significar adquisição de privilégios.

modo de produção – a forma em que os homens produzem sua sobrevivência, inclui as relações de produção como as tecnicas básicas responsáveis pela produção da subsistência da sociedade.