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O que é História

 

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Prof. Me. Alexandre Lobo

 

História.

 

A História é uma ciência humana. As ciências se dividem em dois grupos básicos, humanas e exatas. Humanas são aquelas que estudam fenômenos relativos a questões humanas. As ciências exatas tratam dos chamados fenômenos naturais. Enquanto as exatas tratam de buscar regularidades nos fenômenos da natureza - que uma vez descobertas serão usadas na forma de tecnologia. É assim, por exemplo, que foi possível termos energia elétrica, pois os cientistas, ao longo do tempo, foram descobrindo os átomos, o comportamento deste e estabelecendo as regularidades da corrente elétrica, assim, com regularidades de comportamentais, foi possível ter previsibilidade dos mesmos e assim dominá-los. É por isso que são exatos, pois, fenômenos de comportamento regular, são previsíveis, exatos. Já as humanas estão longe de serem exatas, são ciências interpretativas, não inventam os fenômenos que estudam, mas dão a eles um sentido, uma interpretação. É a partir disso que as interpretações sobre os mesmos fenômenos podem ser diferentes para cientistas diversos.

Entre as ciências humanas, a História é a mais antiga, surge na Grécia antiga com um sujeito chamado Heródoto, um dos narradores da guerra entre gregos e persas. A origem das ciências e da filosofia está na Grécia Antiga. Não que até então as pessoas não tivessem interesse em entender os fenômenos da natureza, mas até então as explicações eram o que chamamos de mitológicas. Tudo era explicado conforme a vontade dos deuses, se chovia, era porque assim deus queria, se era tempestade, os deuses estavam brabos com os homens. Com os gregos, inicia-se o que chamamos de pensamento racional. Os filósofos passam a buscar novas explicações para os fenômenos e, os historiadores vão buscar as origens dos povos não mais em elementos sobrenaturais, como era nos mitos, não mais em grande ursa ou loba que deu origem aos povos, ou a um semideus ou deus fundador de uma tribo, mas sim nova forma de entender o passado sem a ação divina ou sobrenatural.

A História é a ciência que estuda o passado. O problema é que o próprio passado é história. Ou melhor, o termo história tem duplo sentido, um do passado propriamente dito, aquele relatado pela nossa memória, pela memória de nossos pais ou avós. Mas a História é também o estudo desse passado. É a tentativa de estabelecer explicações, relacionar causas, conseqüências, identificar interesses, relações de forças entre grupos de determinadas épocas. È também estabelecer o que muda e o que fica através dos tempos.

A um tempo atrás dizia-se que a História era feita por meio de documentos escritos. Assim, o início da História seria o surgimento da escrita, cabendo ao momento antes da História - a Pré-História - aos arqueólogos. Mas hoje, isso já é contestado, pois como ficariam os povos do Continente Americano, por exemplo, que ainda não tinham escrita na Época dos Descobrimentos? Teríamos uma Pré-História em pelo ano de 1500? Além disso, se até início do século XX as principais fontes do trabalho do historiador eram escritas, jornais, certidões, livros, manuscritos, com o tempo, incorporaram-se fontes visuais, fotografias, filmes, e, agora mídias da informática.

A nossa visão de História tem traços europeus. Como mostrei acima, a marca do início da História em torno de 3.000A. C com o aparecimento da escrita, e o nosso próprio calendário pontuado pelo nascimento de Cristo, revelam isso. Para os muçulmanos, por exemplo, o calendário tem início no Ano e 622 com a fuga do profeta Maomé da cidade Meca. A própria divisão da História também não corresponde ao mundo todo, apenas a Europa. O feudalismo, por exemplo que caracteriza a Idade Média, só ocorre na Europa. Na Ásia, por exemplo, vai haver feudalismo, ou algo próximo, com samurais como correspondentes dos cavaleiros feudais, na Idade Moderna e só vai acabar no final do século XIX, já na Idade Contemporânea.

É assim, portanto, que a História vai sendo construída, conforme o local e o ponto de vista do historiador, e é isso que faz com que a História seja uma ciência humana. A diversidade de interpretação não compromete por completo o caráter científico do trabalho do Historiador, pois este não pode nunca inventar os dados, inventar fontes ou fenômenos, o que ele faz é dar uma explicação e um sentido ao que investiga.