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Freud e a Psicanálise

 

Prof. M. Alexandre Lobo

Sobre a psicanálise

A psicanálise, criada pelo médico neurocirurgião austríaco Sigmund Freud (1856-1939), pode ser tanto o método de investigação terapêutico quanto a teoria. Trata-se de uma inovação para sua época ao apresentar ao mundo a teoria do inconsciente. Se nem a Terra e nem o Sol seriam o centro do universo, tão pouco o ser humano seria dono de si mesmo, de seus atos e pensamentos. Estes seriam domínio de uma região da mente humana que não teríamos acesso, o inconsciente.

Segundo a teoria da psicanálise a mente humana estaria em dois níveis, um consciente, aquele que percebemos e que fazem parte os pensamentos. Já o inconsciente é aquela região oculta que não dominamos e que nos comanda sem que percebamos. Sabemos que existe porque se manifesta em sonhos e atos falhos.

Em um outro aspecto, a mente humana seria composta por três camadas: o id – infra-ego, camada mais primitiva, nata, correspondente aos impulsos mais primários de sobrevivência e reprodução. Amorfo, o id não conhece nenhum tipo de moral, pois é nossa parte mais animal. O superego, por sua vez, é o oposto do id, forma-se pelos 6 ou 7 anos de idade e corresponde a nossa parte civilizada. Forma-se pela repressão ao id feita pelos pais. Ele é a moral repressiva, moduladora do id. Ambos são inconscientes. Já o ego, ou o eu, a parte consciente, é uma espécie de mediador entre o id e super ego, cujo papel é impedir o predomínio de um sobre o outro. Se houver uma desarmonia, entraremos nas doenças psicológicas como comportamentos compulsivos, histeria, paranóia e outras.

A teoria freudiana, desfiando a moral de sua época, afirmava a sexualidade infantil e estabelecia a infância como base da constituição dos principais problemas psicológicos, dos traumas da vida adulta. A libido, energia sexual, estaria presente já nos primeiros anos de vida, quando a criança buscaria prazer ao mamar. Esta, a fase oral, sucederia a fase anal, quando o prazer estaria em defecar. A ultima fase seria propriamente a fase genital quando a criança mostraria interesse pelos seus órgão genitais. Nota-se que sexualidade, para a teoria psicanalítica, refere-se ao corpo todo, não apenas a reprodução ou a uma limitação aos órgãos genitais.

Dois seriam os princípios que moveriam o ser humano: Eros e Tânatos. O primeiro, é o impulso a vida, ao movimento e a vontade de viver. Já tânatos é o repouso, a morte, a vontade de descanso eterno ou destruição. Ambos seriam responsáveis pelo desenrolar das atitudes humanas e reprodução da espécie. Um outro princípio formulado por Freud é o princípio de realidade. Ao nascer, a criança, carregada de desejos e sem perceber que existem “outros” além dela, quer satisfação a toda hora, a todo o instante. O desejo, por exemplo, de ser amamentada, não respeita horários. Mas, com o tempo, quando a mãe passa a não atender sua cria de forma imediata, a criança inicia um processo de percepção da realidade externa a si e aprende a adiar a satisfação de seus desejos. O princípio de realidade, então se forma pela necessidade de adequação dos desejos a realidade que é externa.

Os desejos não satisfeitos ou reprimidos, podem ser desviados e ganharem um outro objeto, tornarem-se inconscientes e se manifestares de forma doentia. Quando um desejo tem seu objeto trocado, ocorre o fenômeno da transferência, pela qual, é possível satisfazer um desejo reprimido.

A importância da teoria de Freud está em ter mostrado um outro lado do ser humano ainda desconhecido, e sua teoria deu origem a outras mais diferentes correntes de pensamento, como por exemplo, a de Carl Gustav Jung, que segui uma linha mais mística, ou de Willian Reich, que uniu psicanálise com marxismo. Talvez, Freud e Marx tenham sido os pensadores mais influentes do século XX.