alienação

Alienação

 

CONCEITO DE ALIENAÇÃO

Prof. M. Alexandre Lobo

É comum usarmos o termo alienação para indicar alguém que não tem interesse e nem quer saber de política, que não está preocupado em entender nada da realidade social em que vive. Nesse sentido, um cidadão alienado é aquele que vota neste ou naquele candidato, primeiro por ser um voto obrigatório e, segundo, por achar este ou aquele mais simpático, como se política fosse questão de simpatia e não de visão de sociedade.

Segundo o Dicionário Aurélio, alienação [Do lat. alienatione.] entre outros significados, temos: “Ato ou efeito de alienar (-se); alheaçâo. Cessão de bens. (...) Filós. Processo ligado essencialmente à açâo, à consciência e à situação dos homens, e pelo qual se oculta ou se falsifica essa ligação de modo que apareça o processo (e seus produtos) como indiferente, independente ou superior aos homens, seus criadores “. Essa é uma visão geral do conceito de alienação. Assim, em filosofia, os termos se tornam mais complexos, com significados mais precisos em relação ao senso-comum.

Entre os pensadores que pensaram a questão da alienação, temos o filósofo alemão Hegel. A definição de alienação, no Aurélio consta: "(...} Hist. Filós. Segundo Hegel (v. hegelianismo), processo essencial à consciência e pelo qual ao observador ingênuo o mundo parece constituído de coisas independentes umas das outras, e indiferentes à consciência — independência e indiferença serão negadas pelo conhecimento filosófico.“. Hegel havia se inspirado em Heráclito para desenvolver sua teoria. Em Heráclito, a origem de tudo está no movimento. Em Hegel, perceber as coisas apenas em seus momentos era uma forma de percepção alienada da realidade Exemplo: a realidade de um fruto, em Hegel, está no movimento, não nele mesmo, ou seja, um fruto foi antes uma semente que germinou e se transformou numa planta, esta, por sua vez, teve uma flor que se transformou em fruto. O próprio homem também teria que ser pensado, não isoladamente, mas sim em relação a outros fatores, no caso, a sociedade. Nesse sentido, nossa essência não está em nós mesmo, mas sim nas relações sociais que nos formam, somos frutos do trabalho do padeiro, que nos alimentou com o pão, do operário que construiu nossa habitação e assim por diante. Segundo Hegel, não podemos ser pensados sem ser pensada a sociedade (que seria uma totalidade), pois sem ela não existiríamos.

Seguindo as idéias de Hegel, um outro pensador alemão, haveria um caráter mais político para o termo alienação. Recorramos novamente ao Aurélio: "Hist. Filós. Segundo Marx (v. marxismo), - alienação significa: -situação resultante dos fatores materiais dominantes da sociedade, e por ele caracterizada sobretudo no sistema capitalista, em que o trabalho do homem se processa de modo que produza coisas que imediatamente são separadas dos interesses e do alcance de quem as produziu, para se transformarem imediatamente, em mercadorias." Karl Marx entendia que o ser humano era privado de seu lado natural no momento em que seu corpo teria que ser regrado pelo trabalho. Ou seja, o controle e adiamento das necessidades tanto fisiológicas quanto sexuais não são compatíveis com a condição natural do ser humano.

O resultado do trabalho de um trabalhador já não lhe pertence, mas sim a outro. Daí a idéia de alienação, pois o tempo que o trabalhador abdicou de sua "naturalidade", bem como o resultado deste tempo, já não lhe pertence.

Mas, para Marx é no sistema capitalista que a alienação ganha maior expressão, pois é quando o ser humano é transformado em mercadoria, que ele deixa de pertencer a si mesmo para pertencer a um sistema que o transforma em um produto O ser humano ganha um preço, e, enquanto mercadoria, não interessam seus sentimentos, seus desejos e. nem mesmo seus verdadeiros pensamento, mas sim apenas quanto vale no mercado.

É quando o trabalhador se vê na necessidade de vender sua capacidade de trabalho que ele vira mercadoria. Mas, hoje, é possível pensar que o processo de alienação se tomou mais sutil e complexo. Não só a capacidade de trabalho ou o corpo de uma pessoa podem ser vendáveis, mas também sua imagem. É o caso de esportistas ou artistas que têm contratos quase perpétuos com determinadas empresas São mercadorias caras, mas não deixam de ser mercadorias.