Renda, Riqueza e Pobreza
Prof. Alexandre Lobo
Riqueza, Renda e Pobreza
A desigualdade sócio econômica se expressa nas noções de renda, riqueza e seu oposto, a pobreza. Entretanto, um dos problemas dos índices econômicos tradicionais é que eles calculam renda, muitas vezes escamoteando a estrutura social desigual, escondendo a distribuição de recursos.
A renda é relativa ao rendimento por um período específico. Salário ou bolsa família são exemplos de renda. A riqueza é relativa a quantidade de bens que uma família ou um indivíduo possui. O poder de compra da renda tem relação com a riqueza. Se dois indivíduos tiverem a mesma renda, mas patrimônios diferentes, o poder de compra será diferenciado. Dois indivíduos, por exemplo, com a mesma renda, mas com patrimônio diferentes, terão impactos diferentes nos gastos. O que não tiver um imóvel pŕoprio terá que se preocupar, além do condomínio, se houver, e o imposto municipal, com o aluguel do mesmo.
A pobreza, referente a falta de recursos, pode ser absoluta ou relativa. A pobreza relativa é quando comparamos a quantidade de bens que um indivíduo possui com outro. Já a pobreza absoluta é referente a ausência de recursos mínimos de sobrevivência, independente do local ou contexto. Estará na pobreza absoluta aquele que não tiver as condições mínimas de sobrevivência, como alimentação, moradia, saneamento básico. A pobreza relativa passa por uma questão referencial. Um indivíduo é mais pobre que o outro, tem menos recursos. É pobre em relação a outro que tem mais recursos
A inflação é o aumento generalizado de preço dos produtos. Entretanto, para o cálculo da inflação oficial, várias instituições, ou mesmo os órgãos do governo selecionam determinados tipos de produtos que entram no cálculo da inflação. Já o custo de vida é correspondente aos gastos básicos necessários para a sobrevivência. A cesta básica é o conjunto de produtos necessários a sobrevivência. A elevação da inflação e do custo de vida afeta de forma diferente classes sociais diferentes. Os pobres não poupam, pois toda a renda está relacionada a sobrevivência. O percentual, por exemplo, de gasto com alimentos, roupas, moradia e transporte, por exemplo, é diferente conforme a renda. Segundo o IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em referência ao ano de 2017, por exemplo, famílias com as rendas mais baixas gastam 23 % da renda em alimentos, enquanto que as com renda mais alta, gastam 9%. São os alimentos com maiores taxas de crescimento.
A relação entre renda e o custo de vida também são proporcionais às especificidades das regiões. O valor nominal não corresponde ao real, pois o custo de vida em São Paulo, por exemplo, somando aluguel, transporte, alimentos, não é o mesmo que em Brasília ou Porto Alegre, Além das especificidades relativas às pŕaticas culinárias específicas, o mercado imobiliário faz com que, dependendo da localização, o valor de um imóvel, tanto para a compra como para a locação, tenha uma gama de variação, Em agosto de 2020, por exemplo, o metro quadrado na cidade do Rio de Janeiro, custava em média de 9.313 reais, já em João Pessoa, 4334 e até mesmo em relação bairros de uma mesma cidade há diferenças. O carioca Leblon é considerado o mais caro do Brasil.
O contrário da inflação é a deflação, mas longe de significar uma melhora na economia, pode significar também uma diminuição no poder de compra ou mesmo um desemprego generalizado. Com menos pessoas com recursos, menos se compra, comprando menos, os lojistas e fabricantes, para não encalhar os estoques, os colocam e liquidação.
Num país como o Brasil, com uma grande diversidade de recursos naturais, de culturas diferentes e hábitos alimentares diversos, índices gerais de questões sócio econômicas são importantes para as análises relativas a questão de distribuição de renda, entretanto, se não levarem em consideração as peculiaridades específicas, poderão esconder fatores que aumentam a desigualdade social
Publicado em 05/011/2020