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Anarquismo
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Prof. Alexandre Lobo
Anarquismo
O Anarquismo é uma visão política contrária a qualquer forma de poder, principalmente o do Estado. Entre seus fundadores, o norte-americano Henry David Thoreau, que escreveu o manifesto “Desobediência Civil” quando estava na cadeia por ter se recusado de pagar impostos. Thoreau viveu entre 1817-1867, assistindo tanto a guerra civil americana, entre 1861 e 1865, posicionando-se pelo fim da escravidão, e a guerra dos E.U. A. contra o México em 1846.
Thoreau entende que o ser humano seria capaz de se autogovernar:
”O Melhor governo é o que governa menos” – aceito entusiasticamente esta divida e gostaria de vê-la posta em prática de modo mais rápido e sistemático. Uma vês alçada, ela finalmente equivaleria a outra, em que também acredito: “O melhor governo é o que não governa” e quando os homens estiverem preparados para ele, será o tipo de governo que terão. (p5). Ao contrário da idéia de contrato social dos liberais que fundamenta o Estado, os anarquistas pensam o Estado como uma forma de medo da liberdade natural, uma vez que os homens estariam presos a uma idéia de propriedade que deveriam defender. Os anarquistas em geral pensam que os seres humanos são dotados de uma natureza que possibilita a organização de forma autônoma, não necessitando a presença do Estado.
O Estado, ou o governo são nocivos a natureza humana:(..) Os governos demonstram até que ponto os homens podem ser enganados, ou enganar a si mesmos, para seu próprio benefício.(p7) Sendo nocivo, formado para conter a natureza humana, dele o que vem também é nocivo: A lei jamais tornou os homens mais justos e, por meio de seu respeito a ela, mesmo os mais bem-intencionados transformam-se diariamente em agentes da injustiça. (p9). Se a lei, para o liberal serviria para garantir o direito natural a propriedade, para o anarquista, a propriedade seria uma contradição a natureza do ser humano que nasce naturalmente apenas com o corpo. Assim, uma lei que garantisse a propriedade seria injusta por contrariar a natureza humana.
Servir ao Estado, para Thoreau, mantê-lo, seria manter de forma impensada um aparato que é repressor em seu fundamento. Fazer parte do Estado e de sua força policial, é então fazer parte de uma injustiça, e isso significaria renunciar não só a liberdade como também a própria capacidade de pensar: A grande maioria dos homens serve ao Estado desse modo, não como homens propriamente, mas como máquinas, com seus corpos. São o exército permanente, as milícias, os carcereiros, os policiais, os membros da força civil, etc. na maioria dos casos, não há um livre exercício seja do discernimento ou do senso moral, eles simplesmente se colocam ao nível da árvore, da terra e das pedras. P (10-11). Sendo o Estado imoral, portanto, o comportamento do indivíduo que segue sua natureza deveria ser contrária as definições do Estado.
A rebelião não é necessariamente violenta: Todos os homens reconhecem o direito de revolução, isto é, o direito de recusar lealdade ao governo, e opor-lhe resistência, quando sua tirania ou sua ineficiência tornam-se insuportáveis. (pp 10-11).Leis injustas existem: devemos contentar-nos em obedecer a elas ou esforçar-nos em corrigi-las, obedecer-lhes até triunfarmos ou transgredi-las desde logo? (p23). Revolucionar o Estado, em Thoreau, é desobedecê-lo, e ele fez isso ao se recusar pagar impostos. Para ele, ao longo do tempo, as “autoridades” desrespeitadas, ao longo do tempo, cederiam aos desobedientes. Seguindo as idéias de Thoreau, Mohandas Gandhi, o Mahatma Gandhi, conseguiu a independência da Índia em relação ao domínio inglês através da desobediência civil não violenta.
Embora os anarquistas não tenham uma teoria que seja única para todos, pode-se dizer que o básico então é a crítica ao estado e também a propriedade privada.
Trechos em itálico extraídos de: THOREAU, Henry. A desobediência civil. São Paulo: L&PM, 1997.