Divisão Social do Trabalho
Prof. Alexandre Lobo
DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO
No final da Idade Média, quando surgia a burguesia, a forma de obter lucro consistia em comprar mercadorias e vendê-las mais caro. Surgia o burgo, cidade comercial, e nele surgiam também as primeiras oficinas manufatureiras. A divisão social do trabalho era relativamente simples, havia o mestre artesão, o dono desta, o oficial, uma espécie de ajudante que um dia poderia se tornar mestre, e o aprendiz, um jovem que trabalhava em troca de moradia e alimentação. A produção de mercadorias era manual, tudo era feito a mão. Não havia divisão de tarefas, o mestre ensinava aos demais o processo produtivo.
Na segunda Revolução Industrial, que vai do fim do século XIX a meados do século XX, desenvolve-se a ideia de divisão de tarefas a partir do uso da esteira, pelo norte americano Hernry Ford (1864-1947). Essa fase da Revolução Industrial seria caracterizada pela produção de automóveis e o uso de combustível a base de petróleo, além do desenvolvimento da utilização da energia elétrica. As esteiras, movidas por eletricidade, proporcionaram a padronização do tempo de produção das mercadorias. Nas manufaturas, o tempo de produção era definido conforme a habilidade e vontade do trabalhador. O tempo não era tão preciso quanto nos dias de hoje. Com a esteira, o ritmo da produção passou a ser dado pela máquina, o tempo de produção é proporcional ao movimento da esteira. Os trabalhadores, lado a lado, tinham funções definidas e repetitivas.
Contemporâneo de Ford no desenvolvimento da esteira, Frederick Taylor (1856-1915) desenvolveria um sistema de trabalho e produção que poderia ser resumido em sua frase: “Time is money”, tempo é dinheiro. Se um trabalhador perder tempo, será uma mercadoria a menos. Uma mercadoria a menos é uma mercadoria que não é vendida, se não é vendida, é perda de dinheiro. Para melhor aproveitar o tempo, Taylor acreditava que o trabalho deveria ser dividido entre intelectual e manual. O primeiro deveria ser exclusivo de gerentes e administradores, que não deveriam participar diretamente no processo produtivo. Já o trabalhador manual teria que usar suas habilidades intelectuais e mentais o menos possível, pois se passasse a questionar o sistema produtivo, estaria perdendo tempo pensando.
O modelo fordista-taylorista criado nos Estados Unidos da América foi dominante até a segunda metade do século XX quando no Japão surgiu o modelo toyotista. Quando a segunda guerra mundial acabou, o Japão estava com usa economia arrasada, tinha perdido a guerra e sofrido com as duas bombas atômicas. Era necessário recuperar rapidamente a economia. Nas fábricas da Toyota, Taiichi Ohno (1912-1990) desenvolveu uma forma produtiva que rompia com o sistema norte americano. O toyotismo baseia-se na terceirização, delegando tarefas e mesmo produção a outras empresas, ficando apenas com o essencial de sua produção. Assim, peças secundárias e pessoal de limpeza, por exemplo, seriam responsabilidade de outras empresas. A Toyota se encarregaria do motor de seus carros e da montagem dos mesmos. Com isso, rompe-se também o sistema de estoque de peças do sistema fordista, não há desperdício no sistema japonês, pois cada peça é fabricada conforme o produto que vai sendo feito.
A grande inovação do toyotismo está nos sistemas Kanban just-int-time. Ambos são os responsáveis pela economia de espaço e a eliminação de estoque. O Kanban consistia um sistema de comunicação entre setores da produção em que cada um anuncia ao outro sua demanda. No início eram cartões que eram levantados indicando a necessidade de uma peça, mas depois foi substituído por um sistema de luzes. Já o Just In Time consiste em produzir "na hora". Um setor é ativado pelo Kanban, só produz conforme o solicitado. Assim, por exemplo, ao contrário do sistema Fordista, uma porca só vai ser produzida conforme sua necessidade e será produzida em quantidade equivalente ao número de parafusos.
No modelo japonês, o operário vive em um sistema de rotatividade, não tem uma função específica e é estimulado e premiado por sua produtividade. Como a produtividade, na ideia de qualidade total, é por setor, isso acaba fazendo com que haja um controle do grupo sobre cada operário. Há também o sistema de caixinha de sugestões, onde o empregado pode demostrar seu interesse pela empresa e colocar ideias que podem ou não serem aproveitadas para uma melhor produtividade.
O modelo toyotista é um rompimento, em muitos aspectos, com o modelo fordista. Entretanto, ambos tem o mesmo objetivo que é a lucratividade da empresa.
Questões:
Quais são as principais diferenças entre o modelo toyotista e o fordista?
Por que o modelo toytista enfraqueceu os sindicatos?
Por que no modelo toyotista o empregado tem participação nos lucros?
Explique a ideia de tempo é dinheiro com um exemplo.
O que diferencia a produção industrial fordista da produção manufatureira?
Editado em 23 de Janeiro de 2021